As jornalistas Elaíze Farias e Kátia Brasil, fundadoras da agência Amazônia Real, foram escolhidas por unanimidade pela Comissão Organizadora para receberem o Prêmio Vladimir Herzog Especial 2022. Com elas também serão homenageados o médico e escritor Drauzio Varella e o jornalista Dom Phillips (in memoriam), assassinado no Vale do Javari, no Amazonas, ao lado do indigenista Bruno Pereira.
As duas profissionais receberão a homenagem pela trajetória no jornalismo defensor das causas amazônicas. Para a Comissão Organizadora do Prêmio Herzog, a Amazônia Real é a maior porta-voz dessas causas.
“Os nomes de Kátia e Elaíze foram indicados por unanimidade pela Comissão
Organizadora do Prêmio Herzog por conta da destacada trajetória no jornalismo defensor das causas amazônicas. Duas mulheres guerreiras no comando de uma valorosa redação que é porta-voz da preservação e sustentabilidade de uma das regiões mais sensíveis do planeta. Esta luta promovida por elas revigora o papel dos direitos humanos no Brasil”, afirmou Ana Luisa Zaniboni Gomes, curadora da 44ª edição da premiação.
O Prêmio Vladimir Herzog foi criado em 1978 durante o Congresso Brasileiro de Anistia, realizado em Belo Horizonte (MG). Perseu Abramo (1929-1996), então diretor do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo, deu a ideia de batizar a premiação com o nome de Vladimir Herzog, jornalista assassinado pela ditadura militar brasileira em outubro de 1975 e símbolo da resistência contra o regime autoritário instaurado no país em 1964.
“Fiquei imensamente comovida e honrada com a indicação de nossos nomes. É um reconhecimento ao trabalho realizado há quase nove anos pela Amazônia Real e ao jornalismo independente e investigativo na região Norte do país, vindo de uma das mais relevantes premiações do jornalismo brasileiro”, disse Elaíze Farias.
Para Kátia Brasil, o Prêmio Vladimir Herzog é uma resposta a todo o esforço pela prática do bom jornalismo, da ética e da defesa incondicional dos valores da liberdade de expressão, liberdade de imprensa, dos direitos humanos, da diversidade, da igualdade e da democracia na Amazônia. “Isso parece um mantra, mas temos que praticar internamente em todas as mídias tradicionais e independentes”, diz. “É também o reconhecimento aos profissionais da agência, editores, repórteres, fotógrafos, colunistas, comunicadores, entre outros, que estão em todos os cantos produzindo o jornalismo na linha de frente, revelando os fatos e sofrendo, em alguns casos, ameaças e censura“, completa a jornalista.
Considerado entre as mais significativas distinções jornalísticas do país, as jornalistas receberão o troféu símbolo do Prêmio – a meia lua recortada com a silhueta de Vlado Herzog, uma criação do jornalista, artista plástico e designer Elifas Andreato, falecido em março deste ano.
A premiação especial, que Elaíze e Kátia vão receber este ano, fazia parte da proposta original do Prêmio e foi retomada em 2009. Desde então já receberam a comenda os seguintes profissionais: Lourenço Diaféria (in memoriam), Perseu Abramo (in memoriam), David de Moraes, Audálio Dantas, Elifas Andreato, Alberto Dines, Lúcio Flavio Pinto, Marco Antonio Tavares Coelho, Raimundo Pereira, Rubens Paiva (in memoriam), Sandra Passarinho, Eduardo Galeano (in memoriam), Daniel Herz (in memoriam), Cláudio Abramo (in memoriam), Mino Carta, Mauro Santayana, Elio Gaspari, Rose Nogueira, Tim Lopes (in memoriam), D. Paulo Evaristo Arns (in memoriam), Bernardo Kucinski, Patricia Campos Mello, Glenn Greenwald, Hermínio Sacchetta (in memoriam), Laerte, Sueli Carneiro, Luiz Gama (in memoriam), Abdias do Nascimento, José Marques de Melo (in memoriam), Neusa Maria Pereira e Alex Silveira.
A cerimônia do 44º Prêmio Jornalístico Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos será realizada no dia 25 de outubro, às 20h, no Tucarena, em São Paulo. No mesmo dia haverá a tradicional roda de conversa do Prêmio Herzog e a solenidade de premiação das reportagens do ano em texto, áudio, vídeo, multimídia, fotografia, arte e livro-reportagem.
Realizadas anualmente desde 2012, as rodas de conversa do Prêmio Vladimir Herzog são trocas de experiências sobre jornalismo e costumam ser acompanhadas por estudantes e pesquisadores interessados nas formas de construção das reportagens na área dos direitos humanos.
A premiação especial é um reconhecimento das seguintes organizações, além do Instituto Vladimir Herzog e da família Herzog: Associação Brasileira de Imprensa (ABI); Associação Brasileira de Jornalistas Investigativo (Abraji); Comissão Justiça e Paz da Arquidiocese de São Paulo; Conectas Direitos Humanos; Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil – OAB Nacional; Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo – ECA/USP; Federação Nacional dos Jornalistas – FENAJ; Ordem dos Advogados do Brasil – Secção São Paulo; Ouvidoria da Polícia do Estado de São Paulo; Periferia em Movimento; Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo; e Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação – Intercom.
Em Manaus, sede da agência Amazônia Real, Kátia e Elaíze administram uma rede de 30 jornalistas que trabalham nas principais cidades da região, além de uma equipe de comunicadores que atuam remunerados produzindo conteúdos de duas aldeias e comunidades. O site da agência, que é uma organização sem fins lucrativos, já foi visualizado por mais de 10 milhões de pessoas desde o ano de sua fundação, em 2013. E atingiu mais de 4 milhões de usuários únicos. Os conteúdos são lidos em mais de 180 países em diversas línguas pela tradução do Google.
Outros reconhecimentos
Em 2016, a Amazônia Real recebeu da Deutsche Welle (DW), empresa de comunicação internacional da Alemanha, o Prêmio The Bobs 2016 pelo engajamento do site na internet pela liberdade de expressão e defesa dos direitos humanos.
No ano de 2019, a agência Amazônia Real ganhou o troféu Prêmio Rei da Espanha de Meio de Comunicação de Maior Destaque da Ibero-América. Os jurados destacaram a valorização do épico do trabalho, a solidez e o prestígio de uma pequena equipe de jornalistas que trabalha com informações locais, em Manaus, no Amazonas.
Em 2021, as duas fundadoras da Amazônia Real fizeram história no Congresso da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) ao serem as primeiras mulheres, negra e indígena, respectivamente, a serem homenageadas. Elas foram premiadas como defensoras e símbolos do jornalismo e da Amazônia.
Um documentário sobre a trajetória das jornalistas, dirigido pela cineasta Carolina Fernandes, foi exibido para o público online do Congresso no dia 23 de agosto. O documentário pode ser assistido aqui.
No mesmo ano, a agência de notícias foi um dos veículos de comunicação mais premiados da imprensa brasileira, segundo ranking divulgado pelo Portal dos Jornalistas e pela newsletter Jornalistas&Cia.
Também em 2021, Kátia Brasil venceu o prêmio Comunique-se de Jornalista de Sustentabilidade e a Amazônia Real foi uma das vencedoras do 10º Prêmio Amaerj Patrícia Acioli de Direitos Humanos, com a série especial “Ouro do Sangue Yanomami”, realizada em parceria com a Repórter Brasil.
Veja aqui os prêmios recebidos pela agência desde a sua fundação.
Este ano, a jornalista Kátia Brasil é finalista ao Troféu Mulher Imprensa na categoria Liderança, diretora de redação ou fundadora de projetos jornalísticos. A votação popular para definição das vencedoras vai até 30 de agosto de 2022. Vote aqui.
Fonte: Amazônia Real
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