Do Brasil 247 - "No trabalho de articulação política, Lula agora mais desagrega do que une". Esta é a ideia-força da reportagem de capa da revista Veja publicada nesta sexta-feira (7). O objetivo é cristalino: destruir a imagem de Lula perante militantes e quadros do PT, apagar o brilho da estrela do maior partido da esquerda e semear a cizânia entre os aliados da sigla.
A reportagem faz uma grave acusação a Lula, a de que ele cuida apenas dos seus interesses pessoais e do próprio partido, atribuindo-a a aliados do ex-presidente. "Antigos aliados reclamam da insistência em priorizar interesses pessoais e os do PT como condição para formar uma frente de oposição a Jair Bolsonaro".
No afã de semear a discórdia no entorno de Lula, a revista, citando fonte anônima, informa que "até mesmo dentro da sigla começaram a surgir vozes dissonantes, o que era impensável alguns anos atrás".
Veja vai mais além. Ataca a campanha Lula Livre, ainda necessária em sua nova fase em que entra na ordem do dia para os apoiadores do ex-presidente o empenho por sua plena absolvição e recuperação dos direitos políticos. "O Lula livre aprisiona hoje a esquerda em uma encruzilhada de difícil solução", diz a reportagem.
O que explica a ofensiva de Veja é que apesar de todas as calúnias, acusações, processos, condenações, ainda não conseguiram destruir o Lula, que é de fato a grande ameaça aos planos continuístas de Bolsonaro, como à estratégia de luta pelo poder por parte da direita liberal que representa um setor não bolsonarista das classes dominantes, mas visceralmente neoliberal, conservador e, por isso mesmo, sobretudo antipetista.
Veja acaba reconhecendo a evidência de que Lula não foi destruído. "De fato, o ex-presidente ainda é o nome mais forte da oposição, conforme mostram as pesquisas".
O contraponto da revista a este fato tão evidente é a insistência em dizer que Lula "está impedido de concorrer nas eleições em razão da Lei da Ficha Limpa", daí os malabarismos para identificar na esquerda e na centro-esquerda focos de insatisfação com o PT e nomes alternativos para se candidatarem pela centro-esquerda à Presidência em 2022.
A reportagem termina citando a festa comemorativa do 40º aniversário do PT, que se realiza neste fim de semana no Rio de Janeiro, não como um ato que orgulhe a esquerda brasileira, mas como um fator de vergonha. "Quando nasceu para fazer oposição ao regime militar, a sigla representava a vanguarda política e prometia trazer diferentes padrões de ética ao governo. Acabou protagonista de vergonhas nacionais como o mensalão e o petrolão".
Para algo servirá a virulenta reportagem da Veja. Como indicativo de que se o PT quiser de fato manter seu protagonismo na cena política nacional terá que realizar uma dura luta de ideias e se ater aos valores políticos e ideológicos que justificam sua existência e ainda o tornam necessário no combate político por um país democrática, soberano, progressista e justo.