A deputada Joice Hasselmann (PSL-SP) afirmou nesta quarta-feira (4) à CPMI das Fake News que o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-RJ), filho do presidente da República Jair Bolsonaro, é um dos principais coordenadores da estrutura de disseminação de notícias falsas e boatos voltada à destruição de reputações pelo que ficou conhecido como “Gabinete do Ódio”.
“O deputado Eduardo Bolsonaro está amplamente envolvido e é um dos líderes do grupo que chamamos de milícia digital. Cada disparo custa cerca de 20 mil reais. E quem paga por isso? Talvez o principal foco da CPI seja seguir o rastro do dinheiro. Não estamos falando de trocados, estamos falando de milhões [de reais]”, sugeriu. “Carlos [Bolsonaro] e Eduardo são os mentores do ‘Gabinete do Ódio’. De maneira legal, comprovável imediatamente, R$ 491.300,00 são destinados para perseguir desafetos. Essa é a função do gabinete de ódio”, emendou a deputada.
Joice fez uma apresentação na qual mostrou o que seria o passo-a-passo da estruturação da rede de disseminação de notícias falsas e que, inclusive, conta com a participação de assessores lotados em gabinetes e pagos com dinheiro público para atuar na disseminação de calúnia, difamação e injúria. Todos crimes previstos no Código Penal.
Segundo a deputada, aliados incondicionais do clã Bolsonaro seguem instruções do deputado Eduardo Bolsonaro e ficam responsáveis por ativar a militância. Ela citou o ataque do presidente da República ao ator Leonardo DiCaprio como exemplo. O assunto teve 30 mil interações em 24 horas. Essas interações tiveram um misto de pessoas reais e robôs.
“Escolhe-se um alvo, combina-se um ataque com calendário de quem ataca e quando. Quando esse alvo está escolhido entram as pessoas de verdade e os robôs. Por isso, em questão de minutos, temos uma informação espalhada para o Brasil inteiro. Parece realmente que o Brasil inteiro está discutindo essa informação. E essa é uma sensação fake, uma sensação passada para que muitos fiquem aterrorizados com o levante da internet”, explicou.
“Existe aqui, se forem verdadeiras todas as questões levantadas, não somente no Congresso Nacional, mas também em assembleias legislativas e, talvez, em câmaras de vereadores um processo de muito claro de corrupção dos mandatos parlamentares. Em nenhum momento aparece nas atribuições e responsabilidades constitucionais dos parlamentares a contratação de pessoas para realização de crimes atacando pessoas e destruindo reputações. Precisamos apurar com profundidade a atuação desses parlamentares e os vínculos com essas pessoas”, apontou o senador Humberto Costa (PE), líder do PT no Senado.
Robôs bolsonaristas A deputada apresentou dados do aplicativo botometer.org – da Universidade de Indiana – desenvolvido para identificação de robôs nas redes sociais. Apenas nas contas de Twitter de Jair Bolsonaro e Eduardo Bolsonaro foram detectados quase 2 milhões de robôs. Dos 5,4 milhões de seguidores do presidente da República, 1.402.017 são robôs. Já na conta do deputado federal foram detectados 468.775 robôs dentre o 1,7 milhão de seguidores.
“Tentaram desdizer, até em tom de sarcasmo, o gabinete do ódio. Eles escolhem uma pessoa e ela é massacrada. Esse grupo não funciona pelo Whatsapp. É um grupo fechado que funciona por senha no Instagram”, explicou.
Minutos após a revelação durante a oitiva na CPMI, a deputada informou que enviaram no grupo uma mensagem de que eles ‘haviam sido descobertos’ e, posteriormente, houve o encerramento do grupo. “Deletaram [o grupo]. Mas o Instagram guarda tudo na nuvem”, alertou.
“A senhora fez um fluxograma analisador do funcionamento de uma organização que existe para produzir notícias falsas, denegrir imagens de pessoas e instituições, disseminar o ódio, dividir a sociedade. Uma organização fascista na sua essência”, destacou o senador Rogério Carvalho (PT-SE), vice-líder da bancada.
Fonte: PT no Senado