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Pesquisadores veem cortes de Bolsonaro como “tragédia irreparável”


(EBC/Reprodução)

Ataques do desgoverno de Jair à educação pública cria clima de incerteza em instituições de ensino e bolsistas temem ver seus projetos interrompidos.

Ao declarar guerra aos estudantes e instituições de ensino, Jair Bolsonaro (PSL) tentou, em vão, emplacar a ideia de que os cortes orçamentários na educação pública foram aplicados apenas por “critérios técnicos”. A falácia da argumentação, que escancara a sua repulsa pela categoria, acabou por gerar grande mobilização e o temor dos que serão diretamente atingidos pelo novo retrocesso do desgoverno federal, em especial àqueles envolvidos em importantes pesquisas nas mais variadas áreas.

O temor pela paralisação de importantes pesquisas em andamento reativa também a necessidade de relembrar todos os bem sucedidos projetos financiados com dinheiro da União e que impactaram em mudanças profundas na vida dos brasileiros. Um exemplo prático é o curativo com pele de tilápia, desenvolvido após ampla pesquisa da Universidade Federal do Ceará (UFC), uma das que serão atingidas pelo corte de 30% do orçamento do ensino superior.

Embora os bolsonaristas insistam em falar em balbúrdia nas universidades, o trabalho da UFC acaba de ser reconhecido pela Agência Espacial Norte-americana (NASA) – Isso mesmo, a Nasa! – que pretende analisar como a pele de tilápia se comporta em condições diferentes de pressão atmosférica, radiação e gravidade – com o cinismo de sempre, o presidente tentou surfar na onda do sucesso do projeto em fevereiro.

Mas este não é o único caso de projeto bem sucedido que pode estar com seus dias contados. Na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) o Departamento de Química do Instituto de Ciências Exatas, pesquisa sistemas de tratamento de água de baixo custo para locais críticos, como regiões áridas ou que passaram por algum tipo de desastre ambiental. Trabalho que certamente seria benéfico para o próprio governo caso se preocupasse com a fome a seca no Brasil.

Medo de represálias

A manifestação pública por meio de notas e a onda de atos que tomam conta do país nesta quarta (15) têm encorajado muitos estudantes, professores e servidores e se posicionarem individualmente contra os cortes no orçamento e em bolsas de estudo. Mas ainda há os que temem por represálias e evitam entrar em conflito com um governo que se mostra a cada dia mais intolerante.

É o caso da estudante E. F., da Universidade Federal de Santa Maria (Rio Grande do Sul), que há um ano faz pós-doutorado em Economia e já foi avisada da possibilidade de ter a bolsa interrompida nos próximos meses. “Está todo mundo tentando entender o que está acontecendo. O que me passaram é que, mesmo que eu passe no novo processo seletivo para a renovação da bolsa, ela não terá continuidade. Se isso acontecer todo o trabalho que realizei durante um ano inteiro será perdido”, lamenta.

A estudante explica que, para além da frustração pessoal, a interrupção da bolsa também prejudicará um trabalho que tem dado resultados práticos na sociedade. “Meu projeto é sobre inclusão social pelo trabalho. Nós avaliamos experiências de trabalho e renda no Rio Grande do Sul que criam condições para que as pessoas sobrevivam. O resultado do nosso mapeamento e análise de nossas experiências e mostramos para sociedades as melhores possibilidades de trabalho e renda”, explica.

E.F. não é um caso isolado. Nos últimos dias, muitos bolsistas passaram a relatar experiências (de maneira anônima ou não) de quão importante são os seus trabalhos para a sociedade. O fim desses estudos será mais uma herança trágica deixada pelo atual desgoverno.

Fonte: Agência PT de Notícias

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