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Humberto: último superministério resultou no confisco de poupanças


O líder da Oposição, senador Humberto Costa (PT-PE), criticou na quarta-feira (31) as ideias apresentadas até o momento pela equipe de transição de Jair Bolsonaro para a construção da próxima equipe ministerial que tomará posse no início do próximo ano.

Na avaliação de Humberto, os primeiros movimentos do governo eleito deixam expostos os conflitos e a “bateção de cabeça” dentro do núcleo duro daqueles que governarão o País. “Um futuro ministro desautoriza o outro, outros cotados se auto-apresentam como ministros pela internet, uma reforma ministerial cheia de idas e vindas”, disse o senador, lembrando ainda as críticas recebidas por parte do empresariado nacional à criação de um superministério.

O economista Paulo Guedes deverá assumir a estrutura que reunirá o que hoje são os ministérios da Fazenda, Planejamento e Indústria. Na tarde de ontem, o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade, criticou a fusão, em nota, afirmando que a excessiva concentração de funções reduzirá a atenção do governo a temas cruciais para as empresas brasileiras.

“O empresariado já manifestou a incongruência que significa ter aquele que rege as contas públicas como o executor de uma política industrial. Assim como o seu chefe que é uma figura absolutamente soberba, o novo ministro ignora as críticas e diz que ‘salvará a indústria brasileira apesar dos industriais brasileiros’. Quando o Brasil deveria focar no trabalho específico, aposta numa centralização”, disse Humberto, lembrando que a última experiência de superministério foi realizada no governo Fernando Collor, com a ministra Zélia Cardoso de Mello e resultou no confisco de poupanças.

Para Humberto, a criação de um superministério nada mais é do que a tentativa de Bolsonaro camuflar a sua ignorância e despreparo por detrás do “superposto Ipiranga a quem ele está delegando o País”.

A ideia de fusão dos ministérios da Agricultura e Meio Ambiente, segundo Humberto, é uma ideia que não se faz compreender em nenhum lugar do mundo.

“Hoje, todo trabalho que se faz internacionalmente é o tratamento e o respeito que a agricultura dá ao meio ambiente. E o Brasil agora vai entregar ao ministro da Agricultura o controle do meio ambiente. Essa é uma visão anacrônica, um ataque violento à sustentabilidade. Órgãos importantíssimos como Ibama e ICMBio são satanizados e atacados por criminosos que se sentem autorizados por essa lógica absurda”, enfatizou.

Praticamente de forma simultânea ao discurso de Humberto Costa, o atual ministro do Meio Ambiente, Edson Duarte, divulgou nota criticando a ideia de fusão das duas pastas.

Para ele, a junção das duas áreas irá fragilizar a autoridade do Ministério do Meio Ambiente, no momento em que a preocupação com a crise climática se intensifica, seria temerário. “O mundo, mais do que nunca, espera que o Brasil mantenha sua liderança ambiental”, diz trecho da nota.

O atual ministro da Agricultura, Blairo Maggi, também criticou a ideia por ir contra o trabalho realizado pelo Brasil nos últimos anos quando houve a divulgação das ações de sustentabilidade do agronegócio brasileiro e, por ser um diferencial, o País cobrou preferência pelos produtos do Brasil por causa dos custos dos produtores em manter reservas ambientais em suas propriedades.

“O novo ministério teria dificuldades operacionais que poderiam resultar em danos para as duas agendas. A economia nacional sofreria, especialmente o agronegócio, diante de uma possível retaliação comercial por parte dos países importadores”, afirma trecho da nota assinada pelo atual ministro da Agricultura.

Forças Armadas

O senador ainda fez um apelo às Forças Armadas para que seus comandantes não deixem a imagem das instituições serem atreladas ao governo de Jair Bolsonaro, já que elas são umas das últimas instituições brasileiras que ainda gozam de credibilidade e respeito junto à sociedade.

Ontem a imprensa noticiou a intenção dos militares que trabalharam na campanha de Jair Bolsonaro em ocupar metade dos cargos da equipe de transição, além da presidência da Petrobras.

“Se as Forças Armadas ficarem identificadas como esse governo, poderão ser arrastadas para o caos. Que fiquem os generais de pijama [atrelados ao governo], mas que isso não signifique uma tutela das Forças Armadas [ao próximo governo]”, alertou.

Fonte: PT no Senado -por Rafael Noronha

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