Fernando Haddad, candidato do Partido dos Trabalhadores à Presidência da República, derrotado pelo candidato de extrema direita Jair Bolsonaro (PSL) neste domingo (28), fez um discurso combativo após a divulgação do resultado das urnas. A fala foi feita em um hotel no centro de São Paulo, onde acompanhou a apuração dos votos acompanhado de sua candidata a vice-presidenta Manuela D'ávila (PCdoB) e demais apoiadores de sua campanha, incluindo sindicalistas, lideranças de movimentos populares e de partidos de esquerda, como o Psol.
"Aprendi com meus antepassados o valor da coragem para defender a justiça a qualquer preço. Com minha mãe, meu pai, com a memória dos meus avós, aprendi que a coragem é um valor muito grande quando se vive em sociedade, porque todos os demais valores dependem dela", afirmou. "Olhando nas ruas deste país, senti angústia e medo na expressão de muitas pessoas, que chegavam a soluçar de tanto chorar. A essas pessoas, gostaria de dizer: não tenham medo. Nós estaremos aqui, nós estamos juntos. Nós estaremos de mãos dadas com vocês. Nós abraçaremos a causa de vocês. Coragem! A vida é feita de Coragem!", arrematou, puxando gritos de "viva o Brasil!".
O candidato lembrou que, na reta final da campanha, sua candidatura recebeu grande apoio de pessoas que não são filiadas a partidos ou movimentos políticos, mobilização que chamou de "grande festa da democracia".
"Direitos civis, direitos políticos, direitos trabalhistas e direitos sociais estão em jogo neste momento. Temos uma tarefa enorme para o país que é, em nome da democracia, defender o pensamento e as liberdades desses 45 milhões de brasileiros que nos acompanharam até aqui. Temos a responsabilidade de fazer uma oposição que põe os interesses nacionais e do povo brasileiro acima de tudo. Nós, que ajudamos a construir uma das maiores democracias do mundo, temos o compromisso de mantê-la, e não aceitar provocações, não aceitar ameaças", ressaltou Haddad.
Fazendo uma menção ao hino nacional – "verás que um professor não foge à luta, nem teme quem adora a liberdade à própria morte" –, o petista afirmou que entrega "a vida ao país", "em defesa da cidadania". "Reconhecemos a cidadania em cada brasileiro, em cada brasileira, e não vamos deixar este país para trás. Vamos defender os nossos pontos de vista, respeitando a democracia e as instituições, e tudo que está em jogo a partir de agora –e tem muita coisa em jogo agora", afirmou.
"Daqui a quatro anos teremos novas eleições, e temos de garantir as instituições até lá. Não vamos sair de nossas profissões e ofícios, mas vamos estar o tempo todo defendendo a cidadania, já que o Brasil talvez nunca tenha precisado tanto da defesa da cidadania como agora", concluiu.