As diferenças educacionais entre estudantes ricos e pobres começam a ser percebidas aos 10 anos de idade e continuam para o resto da vida, de acordo com o estudo Equidade na educação: Derrubando as barreiras para a mobilidade social, divulgado esta semana pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
O estudo é baseado nos resultados do último Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), de 2015, e nos questionários aplicados a estudantes, professores e diretores. A avaliação foi aplicada a estudantes de 15 anos de 72 países e economias. O relatório compara estudantes carentes econômica, social e culturalmente e estudantes com maior acesso a esses bens.
O que fazer
A OCDE aponta que são necessárias políticas públicas voltadas para redução de desigualdades. Para reverter esse cenário, os professores são fundamentais. Eles podem ser capacitados para identificar os estudantes que mais precisam de atenção, aplicar estratégias apropriadas para o aprendizado e melhorar a comunicação dos pais com a escola.
De acordo com Gabriela, a chave é o acesso à educação de qualidade. “Essa não é só um imperativo social, mas um jeito de usar recursos de forma mais eficiente, aumentando o conhecimento, as habilidades e os talentos que temos nas economias”, diz. Ela acrescenta: “Quando as políticas miram os mais vulneráveis, todos ganham”.
Escolas carentes
Os resultados mostram que estudantes carentes estão, em grande parte, nas piores escolas. Como resultado, eles tiraram 88 pontos a menos que estudantes mais ricos em ciências, competência que foi foco na última avaliação, o que equivale a cerca de três anos de estudos.
“Onde você nasce e o quão ricos são seus pais continuam a determinar as suas chances na vida. O seu CEP [código de endereçamento postal] determina o seu futuro. Esses fatores influenciam a qualidade da educação disponível para você”, disse a diretora da OCDE Gabriela Ramos, ao lançar o relatório.
Cenário brasileiro
No Brasil, os dados mostram que 11,2% dos estudantes mais carentes tiveram o mesmo desempenho em ciências que os 25% mais ricos no país. A média dos países da OCDE é 11,3%. A porcentagem foi mais alta que de outros países da América Latina como a Colômbia, com 10,5%; o Peru, com 5,6%; o Uruguai, com 9,2%.
Entre os mais carentes, apenas 2,1% tiveram desempenho no nível 3 ou superior em ciências, leitura e matemática. O nível é considerado o mínimo suficiente para o desenvolvimento do estudante. Entre os países da OCDE, a média é que 25,2% dos estudantes mais carentes consigam essa pontuação.
No Brasil, 51,8% dos estudantes mais carentes estão em escolas também carentes. A média entre os países da OCDE é 48%. De acordo com o estudo, entre os países da OCDE, estudantes carentes que frequentam boas escolas tiram, em média, 78 pontos a mais que aqueles que frequentam escolas em situação mais vulnerável.
Segundo Gabriela, estar nas piores escolas limita “não só a performance desses estudantes, mas a crenças nos próprios potenciais”. Ela diz ainda que esses estudantes “estão mais expostos a estresses que causam sentimento de que não pertencem à escola, não têm confiança e autoestima que precisam para se sair bem nas avaliações”.
Pisa 2015
No geral, no Pisa de 2015, o Brasil ficou entre os piores, ocupando a 63ª posição em ciências; a 59ª posição em leitura e a 65ª posição em matemática. O rankingconsiderou 70 países que seguiram as mesmas regras de amostragem e puderam ser comparados.
Fonte: Agência Brasil/Foto - (Crédito: Julien Daniel/OECD)