Os deputados da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que apura danos ambientais em Barcarena visitaram, na última quarta-feira (11.07), as dependências da empresa Imerys Rio Capim Caulim. A empresa está em operação no Pará desde 1996 e foi citada, ao lado da Hydro Alunorte, nos depoimentos de vários moradores e líderes comunitários ouvidos na CPI de terem patrocinado crimes ambientais, com rejeitos de caulim em rios e igarapés de Barcarena.
A empresa de origem francesa, instalada no Parque Industrial de Barcarena, já respondeu a oito inquéritos policiais conclusos por crimes ambientais, tendo ainda dois em apuração pela Polícia Civil do Estado.
O presidente da CPI, deputado Coronel Neil e deputado Carlos Bordalo foram recebidos por alguns diretores da empresa, Ricardo Lara, de operações; Paulo Serpa, administrativo; Juarez Borges, industrial; e Gilberto Correa, gerente de bacias, que detalharam sobre o processo produtivo, fluxograma do beneficiamento, instalações, bacias de rejeitos e ouviram ainda explicações sobre os projetos sociais desenvolvidos pela empresa junto à comunidade, feitas por Juliana Carvalho, coordenadora de relações com a comunidade e comunicação social.
Após as exposições e explicações, os deputados e comitiva puderam visualizar o parque industrial e as bacias, podendo chegar bem próxima da Bacia 6 em funcionamento, e que tem uma bacia suplementar para no caso de transbordamento aceitar o excesso de rejeitos.
“A visita foi produtiva, tiramos dúvidas e pudemos observar as estruturas das bacias, conhecemos a de tratamento de resíduos com bacia de emergência ao lado. Se transbordar, tem outra ao lado para absorver”, informou o deputado Neil. Ele ressaltou com uma sinalização positiva os projetos sociais e culturais desenvolvidos pela empresa junto às comunidades locais.
Já o deputado Carlos Bordalo ressaltou como significativo saber que é possível tratar bacias de rejeitos de forma mais segura. “É possível prever mecanismos que mitiguem, que diminuam impactos ou que até impeçam vazamentos de rejeitos para o ambiente externo”, sinalizou. Ele defendeu, por outro lado, que as comunidades ao redor destes grandes projetos tenham um maior grau de protagonismo para decidir o que querem destes investimentos. “Não é possível que a empresa decida o que ela quiser fazer”.
O site da empresa diz que a Imerys do Pará faz parte de uma empresa multinacional francesa, líder mundial em soluções especiais de base mineral para a indústria. Em 2010, a empresa adquiriu a Pará Pigmentos S.A. (PSSA), que pertencia ao Grupo Vale. Com estrutura duplicada, a mineradora passou a ter a maior planta de beneficiamento de caulim do mundo e 71% de participação na produção de caulim no Brasil.
Nas operações da Imerys Capim, o minério é extraído de duas minas em Ipixuna do Pará, que fica às margens do Rio Capim. O caulim é transportado por minerodutos até Barcarena, onde é beneficiado e embarcado no porto privado da Imerys. A maior parte do minério tem como destino o mercado internacional.
Das minas em Ipixuna do Pará, o caulim é transportado por dois minerodutos, que passam por Tomé-Açu, Acará, Moju, Abaetetuba até chegar em Barcarena. No percurso, os dutos ainda atravessam os rios Acará Mirim, Acará e Moju. O mineroduto que sai da mina RCC tem a extensão de 160 km e o que sai da mina PPSA tem 180 km.
Após a saída da empresa de produção de caulim, os deputados estiveram no Porto de Vila do Conde, administrado pela CDP, para ver a situação do navio Haydar, de bandeira libanesa, que afundou no dia 6 de outubro de 2015, com uma carga de cinco mil bois vivos. Para o Ministério Público, o naufrágio ocasionou a morte de carga viva mediante intenso sofrimento, a poluição das águas e terrestre por animais mortos e vazamento de óleo, e ainda o espalhamento de feno, com intenso dano ambiental e produzindo também riscos à saúde da comunidade.
Para o deputado Bordalo, o acidente com o navio Haydar foi causado por imperícia da equipe responsável pelo embarque e transporte dos animais. “Foi uma tremenda barbeiragem. Uma barbeiragem que ainda não sabemos as razões dos que comandavam a operação de embarque”, disse.
Já o deputado Coronel Neil não gostou de saber do diretor da CDP, Antônio Barbosa, que nada está definido para içar do fundo do Rio o navio Haydar. “Havia uma promessa de que até o final de julho deste ano o navio seria retirado do fundo, e observamos que nem sequer a licitação foi concluída”. A retirada do navio objetiva liberar o píer que está interditado e ainda se causará algum outro impacto ambiental ao rio.
Fonte: Alepa - por Carlos Boução/Foto - (Crédito: Carlos Boução)