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Papa: a imprensa difama, a justiça condena e, no final, “se faz um golpe de Estado”


A imprensa difama, a justiça condena e, “no final, se faz um golpe de Estado”. A descrição— que parece sintetizar a trama do golpe em curso no Brasil desde 2016 — não é obra de um dirigente político da esquerda nacional, mas do chefe da Igreja Católica, o Papa Francisco, que nesta quinta-feira (17), rezando a tradicional missa diária em sua residência oficial, criticou o uso da intriga como instrumento de dominação e defendeu a importância da busca “da verdadeira unidade”.

Citado pela Vatican News, agência de notícias oficial da Santa Sé, Francisco citou as perseguições sofridas pelo apóstolo Paulo, fundador da igreja católica para criticar a manipulação da opinião pública. “Se vê que o povo grita sem nem mesmo saber o que está dizendo, e são “os dirigentes” que sugerem o que gritar. Essa instrumentalização do povo é também um desprezo pelo povo, porque o transforma em massa. É um elemento que se repete com frequência, desde os primeiros tempos até hoje”.

Método para golpes de Estado

O papa condenou a criação de “condições obscuras” para condenar uma pessoa — método que ele aponta ter sido usado contra muitos dos mártires do cristianismo, como Cristo e Paulo. Na “vida civil, na vida pública”, afirmou Francisco, recorre-se ao método “quando se quer fazer um golpe de Estado”

“A mídia começa a falar mal das pessoas, dos dirigentes, e com a calúnia e a difamação essas pessoas ficam manchadas”. Depois chega a justiça, “as condena e, no final, se faz um golpe de Estado”. Uma perseguição que se vê também quando as pessoas no circo gritavam para ver a luta entre os mártires ou os gladiadores, lembrou o pontífice.

Missa na Casa Santa Marta

As críticas de Francisco à manipulação e à construção das “falsas unidades” foram feitas durante a homilia — preleção feita por um sacerdote durante a missa, com o objetivo de orientar os fiéis sobre certo tema — proferida nesta quinta-feira.

As missas matinais na Casa de Santa Marta, celebradas pelo papa foram instituídas por ele em 2013, logo após sua eleição para comandar a Santa Sé. Os fiéis presentes, em geral, são trabalhadores do Vaticano, como jardineiros, secretários e faxineiros, mas as homilias são divulgadas em uma sessão especial do site da agência Vatican News.

A Casa de Santa Marta é o alojamento usado por clérigos de passagem por Roma e onde ficam confinados os cardeais durante os conclaves para eleição dos papas. Francisco adotou o lugar como sua residência oficial, em detrimento do suntuoso Palácio Apostólico, refinada construção datada do Renascimento, hoje usado apenas para reuniões e reuniões e celebrações.

Fonte: PT no Senado - por Cyntia Campos/Foto: Crédito - Juanca Guzman Negrini/Governo do Peru

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