Da RBA - Em visita ao local do incêndio seguido de desabamento de uma ocupação no centro de São Paulo, o presidente Michel Temer foi vaiado e hostilizado pelos moradores, nesta terça-feira (1º), no centro de São Paulo. Ele disse que, como estava na cidade, ficaria "muito mal" não comparecer. Ele chegou em um veículo oficial e falou brevemente com jornalistas, quando começou a ser chamado de "golpista", entre outros adjetivos, pela população, e teve que se retirar.
Temer chegou a dizer, julgando prestar solidariedade, que como as famílias que ocupavam o edifício que desabou eram "muito pobres", não pediu a reintegração de posse do imóvel, que pertence a União, como se tal medida de força fosse a solução ideal para o problema de moradia e mesmo tendo enfraquecido programas como o Minha Casa Minha Vida, para resolver a situação da moradia. Após a tragédia, o presidente afirmou que "serão tomadas providências para dar assistência", sem dar mais detalhes.
Para a economista Marilane Teixeira, pesquisadora do Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho (Cesit) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Temer tem responsabilidade pelo ocorrido – e por isso as vaias são justificadas – porque o seu governo vem realizando uma série de cortes em programas sociais e praticamente congelou esforços do governo em programas sociais de moradia, como o Minha Casa Minha Vida.
"O déficit habitacional se aprofunda com cortes em políticas sociais. O MCMV foi um dos mais afetados por isso. Ao mesmo tempo, uma crise do emprego que levou a maior parte dessas famílias a ter que buscar formas alternativas de moradia, numa cidade que teve processo de crescimento totalmente desordenado", afirmou a economista do Cesit em entrevista à Rádio Brasil Atual.
A presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, Ivone Silva, ressaltou que a Justiça de São Paulo cria uma série de empecilhos para que imóveis desocupados, inadimplentes com IPTU, sejam expropriados e destinados aos programas de moradia, e que as reformas do governo Temer serviram apenas para precarizar o emprego. "Mesmo retirando direitos, com todas as reformas, a economia não decolou. A gente só vê a economia afundando. Hoje o empregador pode fazer o que quiser", afirmou.