Da RBA - Mauro Santayana. Apesar da abjeta norte-americanização do Brasil – parte do Judiciário e do Ministério Público se transformaram em extensão dos interesses estadunidenses, candidatos a presidente viajam para aquele país para assegurar, babujadamente, seu alinhamento estratégico com os Estados Unidos, a Petrobras abre as portas para os norte-americanos, associando-se fraternalmente com a Exxon Mobil Corporation, a maior petroleira dos Estados Unidos, na exploração do pré-sal. A cooperação com os Brics prossegue, ao menos no contexto de avançados programas conjuntos iniciados no governo Lula, que, devido ao seu estágio de desenvolvimento, não podem ser interrompidos.
A estatal chinesa China Great Wall Industry Corporation (CGWIC), acaba de confirmar para 2019 o lançamento do sexto satélite sino-brasileiro do programa CBERS (sigla em inglês para Satélite de
Recursos da Terra China-Brasil), construído por uma parceria do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) com a Cast (Academia Chinesa de Tecnologia Espacial).
Com mais de duas toneladas de peso, O CBERS 4A terá uma capacidade de transmissão de dados de 300 Mbit/s e deverá operar por três anos.
O Brasil é responsável pela fabricação de 50% do satélite, incluídas sofisticadas câmeras desenvolvidas em território nacional, que monitoram a superfície terrestre com resolução de 20 metros.
Alguém já imaginou os Estados Unidos nos ajudando a desenvolver tecnologia desse tipo?
Enquanto isso, uma comissão de cientistas ganhadores do prêmio Nobel, com 23 integrantes, enviou, na semana passada, carta aberta para o presidente Temer, apontando para o risco de iminente destruição da ciência nacional, de paralisação de importantes projetos que estão sendo desenvolvidos em conjunto com outros países, e de fuga de cérebros para o exterior, com a ida de nossos melhores pesquisadores para outras nações, devido ao corte de 44% das verbas do Ministério de Ciência e Tecnologia neste ano, e mais 23% adicionais no ano que vem, caindo para um terço dos 10 bilhões de reais que eram investidos há quatro anos, apesar de a comunidade científica nacional ter dobrado de tamanho desde que o PT chegou ao poder.
A necessidade desse gravíssimo austericídio estratégico está sendo justificada, mais uma vez, com o ”grande golpe do Brasil quebrado”, embora o país tenha tido um PIB, apenas no último trimestre, de quase R$ 1,7 trilhão, e o atual governo tenha aprovado aumentos da ordem de mais de 40 e 30% no salário do Judiciário e do Ministério Público em menos de dois anos, além de outros reajustes para a folha de pagamento de servidores, em um total de R$ 64 bilhões de impacto no orçamento até 2019, um custo de R$ 310 por brasileiro – enquanto prevê diminuir o salário mínimo em R$ 10 para 2018 –, embora o Brasil tenha mais de R$ 1 trilhão em reservas internacionais, 90% delas deixadas pelo PT, e o BNDES tenha 200 bilhões de reais em caixa, fora os R$ 150 bilhões “pagos” “antecipadamente” pelo mesmo governo ao Tesouro, para ficar fazendo macaquices para o mercado e fingir, para a opinião pública, que está governando melhor o país do que as duas administrações anteriores.
Governos que nos tiraram da posição de 14ª economia do mundo em 2002, para a 9ª, ainda agora, apesar da “crise” constantemente citada pelo Executivo, quando pretende assustar um público mal informado com o fantasma de dificuldades divulgadas todo o tempo para obter facilidades e justificativas na execução de manobras de lesa-pátria, como a venda de refinarias petroquímicas recém-construídas por um terço do investimento realizado para estrangeiros, e defender a privatização de empresas como a Eletrobras, o Banco do Brasil e a Petrobras, não para reinvestir dinheiro no negócio, mas para diminuir marginalmente um déficit que cairia muitíssimo mais se o Estado enfrentasse a sonegação dos mais ricos e parasse de transferir aos bancos privados, por meio de juros que estão entre os mais altos do mundo, centenas de bilhões de reais por ano:
“Vossa excelência Presidente Michel Temer, Nós, os assinados abaixo ganhadores do prêmio Nobel, escrevemos para expressar nossa forte preocupação sobre a situação da Ciência e Tecnologia no Brasil. O orçamento para pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações sofreu um corte de 44% em 2017, e um novo corte de 15,5% é esperado para 2018. Isso vai prejudicar o país por muitos anos, com o desmantelamento de grupos internacionalmente renomados e uma ‘fuga de cérebros’ que irá afetar os melhores e jovens cientistas. Enquanto em outros países a crise econômica levou, às vezes, a cortes orçamentários de 5% a 10% para a ciência, um corte de mais de 50% é impossível de ser acomodado, e irá comprometer seriamente o futuro do país. Sabemos que a situação econômica do Brasil está muito difícil, mas pedimos ao senhor que reconsidere sua decisão antes que seja tarde demais.”
São informações como essas que precisam chegar à maioria da opinião pública para quebrar o discurso único que sustenta um senso comum tão hipócrita quanto nefasto, que levará o país ao fascismo no final do ano que vem, se não houver uma rápida e maciça reação, na internet de modo geral, por parte daqueles que defendem a Pátria e a Democracia.