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ONGs, indígenas e políticos se unem contra retrocessos socioambientais


WWF - por Clarissa Presotti. Os recentes ataques ao meio ambiente e, principalmente, às áreas protegidas da Amazônia motivaram a realização de um grande ato com a presença de organizações, indígenas, políticos, artistas e parlamentares de diversos partidos nesta quarta-feira (30), na Câmara dos Deputados. As lideranças se revezaram para levar a mensagem do #TodosPelaAmazônia: a sociedade não tolera mais nenhum ataque à Amazônia, às áreas protegidas e aos povos indígenas. Foi unânime a condenação do decreto presidencial que extinguiu a Reserva Nacional do Cobre e Associados (Renca), suspenso nesta quarta por decisão da Justiça Federal do Distrito Federal (saiba mais). Representantes da Avaaz, Greenpeace, ISA, SOS Mata Atlântica, WWF-Brasil e a ex-ministra Marina Silva, entre outros movimentos e personalidades, deixaram claro que a iniciativa do presidente Temer é desastrosa e afetará sim, mesmo que indiretamente, as unidades de conservação, terras indígenas e comunidades locais. A união dos movimentos aconteceu após uma enxurrada de ataques ao meio ambiente e à Amazônia, que atingiu o ápice da comoção popular com a extinção da Renca, na semana passada. Mesmo que aconteça fora dos limites de unidades de conservação, a atividade minerária, por lei, deve ser estabelecida de modo a respeitar o meio ambiente e o direito dos povos indígenas e comunidades tradicionais que vivem na região. Durante o ato, o deputado Alessandro Molon (Rede-RJ), coordenador da Frente Parlamentar Ambientalista, recebeu a petição da Avaaz que conta com mais de 700 mil assinaturas de brasileiros e brasileiras de todas as regiões do Brasil. Para Molon, não é apenas a extinção da Renca que uniu o movimento ambientalista, parlamentares e a sociedade. “Estamos juntos aqui também contra o desmonte do licenciamento ambiental, a liberação uso de agrotóxicos proibidos no mundo inteiro, a tentativa de facilitar a venda de terras para estrangeiros, a iniciativa de dificultar a demarcação de terras indígenas, a redução de unidades de conservação em toda a Amazônia, entre outros ataques relacionados também à mineração. É um pacote de medidas de retrocessos que nos une aqui”, destacou. Seguindo a mesma avaliação, Marina Silva ressaltou que o “tiro de misericórdia” vem sendo dado a cada instante pelo governo do presidente Michel Temer, que tem usado a agenda socioambiental como moeda de troca. “É o que entra primeiro na conta das "negociatas". Para ela, o que está por trás de tudo isso é “falta de visão e de compromisso com o patrimônio público nacional”. A presidenciável apontou que desde 2012 o governo tem protagonizado retrocessos ambientais “que só se aprofundam”. Ao mesmo tempo, Marina elogiou o esforço da sociedade civil que tem se mobilizado em tão pouco tempo. “Esse é o momento da gente dizer ‘nenhum retrocesso a mais’. Antes, em diferentes governos, se fazia decretos para se criar unidades de conservação. Desde 2012 se passou a fazer medidas provisórias e decretos para se reduzir essas áreas protegidas”, disse a ex-ministra. O coordenador de Políticas Públicas do WWF-Brasil, Michel de Souza Santos, destacou que esse movimento da sociedade brasileira demonstra a sua insatisfação com o desmonte da política ambiental brasileira e o ataque às áreas protegidas. “São 700 mil assinaturas e chegaremos a um milhão. O governo precisa recuar da sua decisão e abrir um diálogo transparente com a sociedade sobre esses processos que tocam questões ambientais”. Na avaliação das organizações que participaram do ato, o caos político que assola o País abriu espaço para que a bancada ruralista e o núcleo central do governo federal fizessem avançar, de forma organizada e em tempo recorde, um pacote de medidas que inclui violações a direitos humanos, "normalização" do crime ambiental e promoção do caos fundiário. Se aprovadas, tais medidas produzirão um retrocesso sem precedentes em todo o sistema de proteção ambiental, de populações tradicionais e dos trabalhadores do campo.

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