Eleonora Menicucci* Gleisi Hoffman*
Onze anos da Lei Maria da Penha, aprovada pelo Congresso Nacional em 2016 e sancionada pelo Presidente Lula em 6/08/2007 e implantada em todo o território nacional pela Presidenta Dilma.
Consolidou-se como um dos mais importantes paradigmas jurídicos para o enfrentamento à violência contra as mulheres.
É obrigatório lembrar que a Lei Maria da Penha é fruto de uma proposta elaborada por um Consórcio Nacional de ONGs feministas( Themis, Claden, Cepia, Cfmea e Advocaci) e do movimento de mulheres, com apoio de juristas aliad@s de parlamentares feministas e não feministas comprometidas com as lutas das mulheres, cuja relatora foi a combativa deputada Jandira Feghali e coordenada pela Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República. Foram dois anos de discussão para o consenso até a sanção presidencial.
No artigo 8 a Lei é clara em sua diretriz para implantação: criar entre os entes federados, município, estado e união , parcerias com todos os atores envolvidos necessariamente no enfrentamento à violência contra a mulher: judiciário especializado, ministério público, segurança pública, defensoria, serviços de apoio psicossocial e emprego e renda. Criando dessa maneira uma rede de serviços com atribuições definidas para cada ente federado e para os poderes igualmente envolvidos.
A primeira proposta foi no governo do Presidente Lula com a criação do Pacto para o enfrentamento à violência contra a mulher onde todos os estados assinaram e a segunda no governo da Presidenta Dilma objetivando maior resolutividade nas demandas das mulheres criou-se o Programa Mulher Viver sem violência em março de 2013 para o qual foram destinados 360 milhões, contendo 6 ações:
1 - A construção de uma casa da Mulher Brasileira em cada capital dos 27 estados da federação. O paradigma da integração e integralidade de todos os serviços elencados num mesmo espaço físico respeitando as atribuições de cada serviço determinado pela Lei Maria da Penha. Esta proposta unificou todos os serviços necessários e previstos na Lei Maria da Penha, para o enfrentamento à violência contra as mulheres, acabando com a via crucis das mulheres; Disque 180 ; entrega de 54 ônibus Lilás sendo 2 para cada estado da Federação para o atendimento às mulheres do campo da floresta e das águas; capacitação e melhoramento dos serviços do IML e de saúde para atenderem às mulheres vítimas de violências; criação de 7 Centros de atendimento às mulheres em situação de tráfico sexual nas fronteiras secas, portaria presidencial unificando o atendimento ás mulheres nas DEAms e nos Hospitais referenciados.
Esse programa universalizou o atendimento e com o golpe implantado no Brasil em 2016 presenciamos indignadas e revoltadas o desmonte de todos os serviços.
Foram entregues 3 Casas( Campo Grande, Brasília e Curitiba) e em construção deixamos 5 (São Paulo, Fortaleza, São Luiz, Boa Vista e Salvador ) que já estão prontas sem inaugurar( 8 mil m2 de terreno e edificação 3,88 m2) e sem nenhum repasse de recursos do Governo Federal, embora já empenhados;
- Transformação do Ligue 180 em Disque 180 para maior resolutividade às queixas e denuncias das mulheres;
Dos 6 Centros de Atendimento as mulheres nas fronteiras secas em situação de violência e tráfico , 1 foi deixado em construção ( Ponta Porã)
Hoje, o que vimos é que as Casas estão prontas sem inaugurar, cobertas por mato como se fossem elefantes brancos. O disque 180 funcionando com um corte enorme de recursos humanos e financeiros.
Os ônibus parados. Onde estão? Nas garagens?
As mulheres continuam a serem violentadas, agredidas, estupradas e assassinadas.
E a rede de proteção às mulheres em situação de violência completamente danificada e nenhuma garantia que os serviços serão mantidos.
As mulheres continuam nas ruas do Brasil liderando a resistência contra o golpe e o consequente desmonte da Lei Maria da Penha.
No Congresso vários projetos de lei caminham na direção da perda dos direitos e no total retrocesso.
Nesta data, que durante 13 anos foi de celebração pelos direitos conquistados, hoje é de luta contra a perda dos direitos que as mulheres conquistaram.
Só com a volta da democracia que recupera o direito livre e soberano do voto popular, é que a justiça à Democracia será feita.
Nenhum direito a menos Nenhuma mulher a menos. Contra a cultura do Estupro. Fora Temer, Diretas já.
Fonte: Lula.com.br