No próximo dia 17, uma quinta-feira, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva volta a colocar o pé na estrada, retomando as caravanas que, há mais de uma década, o levaram aos recantos mais distantes e esquecidos do País e permitiram um contato com as pessoas e com o Brasil real que nenhum outro dirigente político conseguiu — ou tentou.
Agora chamadas de Caravanas da Esperança, as novas edições das caravanas da Cidadania serão realizadas em todas as regiões do Brasil. O roteiro inaugural dessa retomada começa em Feira de Santana, na Bahia. Ao longo de 18 dias, Lula passará por 27 cidades dos nove estados nordestinos.
O ex-presidente fará um trajeto de 3.590 quilômetros pelas estradas — apenas o trecho entre Teresina (PI) e São Luiz (MA) será feito de avião.
“Lula quer ver de perto o que está acontecendo com os programas sociais que ele construiu para melhorar a vida das pessoas e que este governo está desmontando”, explica a presidenta nacional do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR). “O presidente quer ouvir a população e apresentar algumas propostas de retomada do crescimento econômico”.
Esperança Márcio Macedo, vice-presidente do PT e responsável pelas novas caravanas, explica que o novo nome desses encontros de Lula com o Brasil expressa bem o que o líder político pretende com essas viagens. “Ele escolheu chamar de Caravanas da Esperança porque é isso que ele quer levar às pessoas”.
Macedo ressalta que a memória da melhoria nas condições de vida experimentada durante os governos petistas é muito forte na população mais pobre do Brasil. “É preciso lembrar às pessoas que uma vida digna não é sonho. É uma possibilidade real. Lula fez isso e pode fazer de novo — mais e melhor”.
O Brasil esquecido
Em abril de 1993, Lula deu a partida na primeira Caravana da Cidadania repetindo a rota que já havia percorrido a bordo de um caminhão pau-de-arara aos seis anos de idade, quando migrou de Garanhuns, no Agreste Pernambucano, para Vicente de Carvalho (SP), na Baixada Santista. Ao longo de 20 dias, o futuro presidente da República fez a longa marcha de tantos conterrâneos do Nordeste para o Sul, visitando cenários desolados pela seca e pela falta de perspectivas econômicas.
Agreste, Sertão, Recôncavo Baiano, Vale do Jequitinhonha faziam parte de um Brasil esquecido — um País que não existe mais. “O País que vamos encontrar agora é muito diferente do que Lula visitou em 1993”, avalia Márcio Macedo. “Os governos petistas mudaram substancialmente a realidade de duas décadas atrás”. Naquela época, recorda o dirigente, as pessoas morriam em decorrência da seca no Nordeste, a população vivia a fome e a sede como uma realidade cotidiana.
“Os programas sociais e as políticas de desenvolvimento regional fortaleceram a economia local, investimos nas cadeias produtivas, no desenvolvimento regional, criando alternativas de emprego e renda”, aponta Macedo. Apesar de todo o desmonte que vem sendo promovido por Temer e seus aliados e da crise brutal que paralisa a economia, ressalta ele, a vida dos nordestinos ainda é outra e é preciso manter as pessoas mobilizadas para que tantas conquistas possam sobreviver ao governo ilegítimo.
Diagnóstico Lula vai ao nordeste com sua Caravana da Esperança para fazer o que mais gosta: ouvir tanto quanto falar — o grande diferencial político que imprimiu aos seus encontros com o povo nas viagens dos anos 90. A marca registrada da Caravana da Cidadania era a “porta de roça”, termo cunhado por Ricardo Kotscho, jornalista e ex-assessor de Lula, para designar as assembleias tipo porta de fábrica em que o futuro presidente da República transformava cada ato público nas distantes áreas rurais por onde passava. Lula descia do palanque e, no meio da multidão, conversava com as pessoas, perguntava sobre suas aspirações, sonhos e projetos.
“A ideia é mesmo retomar esse contato, ouvir muito as pessoas, lideranças ou não, e começar a elaborar um diagnóstico”, revela Márcio Macedo. O PT está discutindo um projeto de retomada do desenvolvimento — o “Brasil em Movimento”, apresentado na semana passada — mas Lula considera fundamental ver ao vivo o que se passa em cada rincão do País e saber o que pensam os brasileiros e brasileiras.
Aos 71 anos de idade, Lula volta a encarar a estrada para “olhar no olho” do País que presidiu por oito anos e que ajudou a galgar outro patamar. Para outras lideranças, poderia ser uma tarefa pesada, a essa altura da vida. Para o ex-retirante, o operário e maior liderança popular gestada pelo Brasil, o efeito é inverso: “É impressionante como Lula se inspira e se fortalece nesses encontros, assim como a capacidade que ele tem de inspirar entusiasmo no povo”, aponta Macedo.
Lula volta à estrada para levar e receber esperança.
Fonte: PT no Senado - por Cyntia Campos/Foto: Ricardo Stuckert / Instituto Lula