Por Antônio Gomide - Em passado recente, o Brasil viu uma série de atropelos serem cometidos na Constituição em nome de um lema: “É preciso retomar o crescimento”. Hoje, em um cenário de terra devastada, vê-se que o objetivo foi outro e que o “crescimento” sequer chegou a ser almejado.
Junto a este lema temos agora outra missão: retomar a Democracia e a representatividade. É preciso fazer o caminho inverso e devolver à população o poder de decisão através do voto. E, com isto, é possível também refazer o elo entre representantes políticos e o cidadão.
É fundamentalmente necessário retomar o crescimento, a geração de Justiça Social e o atendimento aos mais carentes, mas através do único caminho que chancela este processo: o voto e o respeito à decisão da maioria. É preciso devolver a confiança aos setores produtivos e reativar a confiança dos investidores. E somente a legitimidade do voto é capaz de gerar esta sensação.
Bem como é imperativo uma nova formatação política – a começar pelos partidos – e é imprescindível que este debate, quando ocorrer, não seja feito dentro deste congresso.
A sociedade deve se empenhar em encontrar novos atores para que a reforma política tenha uma ligação direta com o cidadão e não com grupos.
Com o hiato gerado pela agenda recente, o Brasil tem de recuperar este tempo perdido. O lugar de Temer e seus aliados está guardado tanto na eternidade da História quanto no julgamento das urnas. A impopularidade galopante do Governo é a mostra de que o povo acordou para a realidade e à necessidade de reagir.
Os desdobramentos dos atos praticados para tomar o poder não conseguiram sequer criar um cenário de esperança: do contrário, serviram para evidenciar a intenção de estancar os rumos da Lava-Jato, escancarar seu direcionamento e devolver o Brasil ao passado dos feudos, das oligarquias: um Brasil que os brasileiros já rechaçaram há anos.
A população espera por um redirecionamento que não precisa de discursos mirabolantes ou planos inéditos. O povo espera uma dobra no tempo que nos permita um retorno ao ritmo de Crescimento e de Justiça Social conquistado em 2008. O Brasil das grandes conquistas, da 7ª economia do mundo, da independência em relação ao FMI, do respeito junto a órgãos internacionais, do protagonismo na ONU e nos debates sobre o futuro do planeta. Os brasileiros esperam uma volta.
Sem saudosismo, os brasileiros querem a continuidade das conquistas já estabelecidas, do orgulho de andar de cabeça erguida. Porque perder o ritmo do crescimento econômico é difícil, mas a perda da democracia é ainda pior.
Antônio Gomide é vereador e foi prefeito de Anápolis por dois mandatos