Três pesquisadores do Instituto Mamirauá, vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, estão em Chicago, nos Estados Unidos, para apresentar os resultados de estudos com diferentes espécies de primatas no 26º Congresso da Sociedade Internacional de Primatologia e na 39ª reunião da Sociedade Americana de Primatologistas.
Um dos trabalhos apresentados é o da pesquisadora Fernanda Paim, que demonstrou como a disponibilidade de recursos pode interferir na dieta e no comportamento de uma espécie de primata endêmica da Reserva Mamirauá (AM), o macaco de cheiro da cabeça preta (Saimiri vanzolinii). A espécie foi descrita pela primeira vez na década de 1980 pelo primatólogo José Márcio Ayres, fundador do instituto.
Segundo a pesquisadora, essa espécie está distribuída em uma pequena área na Reserva Mamirauá e, por isso, é considerada vulnerável à extinção. "Essa região que é tão pequena que, de alguma forma, oferece o que é necessário para a espécie viver", explicou. "A conclusão que chegamos é que o que separa a distribuição entre as espécies de macacos de cheiro nessa região não são barreiras geográficas, rios ou montanhas, mas sim questões ecológicas, dos recursos que a região possui e quais deles são necessários para que a espécie sobreviva."
Já pesquisador Felipe Ennes avaliou a abundância do mico marcai na bacia do rio Aripuanã, entre o sul do estado do Amazonas e o Mato Grosso. O estudo apresenta as principais ameaças à espécie e propõe uma reavaliação do seu estado de conservação. A pesquisa demonstrou que a distribuição da espécie compreende uma área total de 48.895 quilômetro quadrado (km²) entre os rios Marmelos e Aripuanã com uma densidade de 8,3 animais por km².
Outra pesquisa desenvolvida no Instituto Mamirauá testou um método de amostragem de primatas na Amazônia, que foi aplicado na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Amanã. O Método de Amostragem de Distâncias é utilizado pelos pesquisadores para monitorar a abundância de animais, ou seja, o número de animais presentes em uma área. Os animais avistados ao percorrer uma trilha, delimitada pela equipe, são registrados através do método, para que posteriormente seja feito o cálculo de abundância.
O estudo feito pela pesquisadora Lisley Gomes demonstrou que o método é eficaz para monitorar a maioria dos primatas diurnos amazônicos, enquanto para outras espécies ameaçadas de vertebrados terrestres, a metodologia não garantiu resultados confiáveis, o que sugere a necessidade de alternativas para o monitoramento dessas espécies.
Os estudos foram desenvolvidos pelo Grupo de Pesquisa em Ecologia de Vertebrados Terrestres do Instituto Mamirauá.
Fonte: Instituto Mamirauá