Há seis anos, o projeto ‘Civismo na Escola’ percorre 32 escolas públicas de Bom Jesus do Itabapoana (RJ) para estimular reflexões sobre patriotismo, moral e ética. Com a promoção de atividades relacionadas ao tema, a iniciativa busca fomentar o respeito aos símbolos nacionais, desde a educação infantil até o ensino médio.
"Embora a secretaria de educação municipal tenha idealizado o projeto, são as escolas que preparam as atividades específicas que atendam às necessidades dos alunos de cada nível escolar”, ressalta a coordenadora técnica da Secretaria Municipal de Educação (Semed), Maria Julia Gomes de Mello.
Nas comemorações deste 7 de setembro, data que marca a Independência do Brasil, a prefeitura da cidade irá organizar uma concentração cívica na praça Governador Portella, que contará com a apresentação de alunos participantes do projeto. “Toda a comunidade escolar deve estar presente”, ressalta a professora Cyntia Pedrosa, da Creche e Pré-escola municipal Tia Belinha.
Segundo Cyntia, os trabalhos sobre civismo são realizados a longo prazo com alunos. “Na sala de aula conversamos com as crianças e passamos para eles a importância dos valores cívicos e o respeito ao símbolo nacional, em forma de colagens, pinturas e cartazes. Os trabalhos, inclusive, são expostos nos dias de culminância.”
A professora destaca a última apresentação da escola, no dia 7 de julho deste ano, que reuniu 110 alunos do berçário, maternal e pré-escola, com crianças de 4 a 6 anos. Durante a solenidade, os alunos realizaram a marcha e depois cantaram o hino nacional, seguido do hino da cidade.
“No caso do berçário, as crianças fizeram um desfile cívico dentro da própria escola, os alunos estavam caracterizados com roupas tradicionais, destacando a diversidade da cultura brasileira. Já as crianças do maternal trajavam as cores da bandeira nacional, enquanto um narrador explicava o significado de cada uma”, relembra Cyntia.
A professora destaca que a postura das crianças mudou visivelmente com o passar do tempo, “Durante a execução do projeto, percebemos que cada aluno sabe como se portar durante o hino nacional, demostrando o respeito à pátria.”
Ação em Brasília
Neste domingo (7), a partir das 9h, alunos de 10 escolas do Distrito Federal participarão do desfile cívico na Esplanada dos Ministérios, cujo tema é “Influência dos povos na gastronomia e cultura do Brasil”.
Segundo a coordenadora da assessoria de eventos da secretaria de educação do Distrito Federal, Roseli Antunes, cerca de 1.200 participantes, dentre eles alunos do ensino fundamental e médio, de 12 a 17 anos, participarão da solenidade.
“Direcionado para a parte civil, os estudantes irão participar da marcha trajados com fantasias de uma maneira mais despojada”, ressalta a coordenadora. Este ano, durante a apresentação, os participantes estarão divididos em 10 grupos, que representarão países e os povos indígenas.
“Já que a temática é a influência dos povos, nos três primeiros blocos os participantes estarão representando as influências de Portugal, indígena e africana", conta Roseli. Segundo ela, a frente de cada bloco, uma comissão de chefes estará vestida a caráter. "A finalidade é evidenciar pratos típicos brasileiros que foram influenciados por outros povos, como é o caso do acarajé.”
Para a coordenadora, o desfile desperta muito interesse dos alunos. “Eles se transformam. Durante a solenidade, eles estarão concentrados, pois entendem a importância do espírito cívico”, afirma, completando que escolas do DF geralmente trabalham o tema com textos sobre civismo, elaboração de cartazes, pintura, desenho, entre outros.
Avanço educacional
A primeiro projeto educacional voltado para o ensino moral, cívico e econômico, apresentado à Câmara dos Deputados em 1826, já sinalizava uma preocupação das autoridades em relação ao tema. Mais tarde, em 1909, a criação de um currículo nacional com inserção de algumas disciplinas iniciou o debate sobre as finalidades do ensino e a possível criação de uma disciplina de educação moral.
Em 9 de abril de 1942, o artigo 1º da ‘Lei Orgânica do Ensino Secundário’ já mencionava as finalidades do ensino, entre elas, elevar a “consciência patriótica e humanística” dos estudantes. Em 1961, a Lei de diretrizes e bases do ensino nacional instaurava a “formação moral e cívica do aluno através de processo educativo”. Somente em 1971, a Lei nº 5.692/71 formalizou o ensino de ‘Educação Moral e Cívica’ na educação básica do País.
A disciplina foi extinta no início dos anos 90, hoje segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais, a proposta é diferente.
Segundo o documento elaborado pelo Ministério da Educação, ‘Ética e Cidadania – Construindo valores na escola e na sociedade’, a função da escola também é participar da formação moral dos estudantes. Esta mudança então, se justifica já que a temática não deve ser tratada de forma individual, por cada professor, mas sim deve ser objeto de reflexão da escola como um todo.
Assim, valores e regras podem ser transmitidos pelos professores por meio de livros didáticos, avaliações e até mesmo por meio do comportamento dos próprios alunos.
Dessa forma, ao incentivar reflexões e vivências coletivas é mais fácil estimular que o aluno desenvolva atitudes e ações, a fim de construir um ambiente mais democrático. A partir desse pensamento é que surge a preocupação de se trabalhar os valores éticos nas escolas.
As atividades desenvolvidas pelos alunos nesse sentido podem sugerir a participação, por exemplo, em conselhos, até mesmo em assembleias escolares.
Dessa forma, o Ministério da Educação em parceria com a Secretária de Educação Básica, criou o ‘Programa Ética e Cidadania’ nas escolas. Segundo as diretrizes, a iniciativa retoma ações educativas que levem à formação ética e moral de todos os membros que atuam nas instituições escolares.
Foto: Exibir carrossel de imagensDivulgação/Arquivo Pessoal
Alunos da Creche Tia Belinha durante apresentação sobre civismo, em Bom Jesus do Itabapoana (RJ)
Fonte: Portal Brasil